Unidade 5:

entrada_unidade_05.png
Unidade 5:
Cooperação (ou interação?) na rede
Olá, cursista!
Nesta Unidade, abordaremos uma temática bastante interessante e essencial para aproveitarmos ao máximo as possibilidades educativas das tecnologias: Cooperação em rede.
A Internet já não é mais um oceano desconhecido para você. Você já navegou por vários dos seus mares e parou em vários portos. Aprendeu a ler as estrelas e usar a bússola e o GPS. Já até construiu o seu próprio ancoradouro onde outros navegadores já aportaram.
Com essas metáforas, queremos enfatizar suas conquistas e dizer que a construção do seu blog o coloca na condição de interagir e cooperar na Internet, além de abrir novas e importantes possibilidades pedagógicas. Nesta unidade, vamos discorrer mais especificamente sobre isso.
Vamos tratar da relevância da cooperação e da interação na web para nossa sociedade em geral e, mais especificamente, para as nossas escolas. Vamos procurar entender porque cooperar é tão importante para o aprendizado e como podemos estimular essa conduta na rede.
Objetivos de aprendizagem desta Unidade de Estudo e Prática
Ao final dessa unidade, esperamos que você chegue a:

  • Refletir sobre a contribuição das redes digitais para a promoção de processos cooperativos de trabalho e aprendizagem.
  • Compreender a estruturação e o alcance social das ferramentas de veiculação de conteúdo digital, refletindo sobre suas contribuições na elaboração de novas práticas pedagógicas.
  • Aprender a incluir postagens de vídeos no seu blog.
A era das navegações (digitais)
No final da década de 90, a web ainda não fazia parte do contexto da maior parte das escolas. Naquela época, as fontes de pesquisa restringiam-se ao material disponível no contexto local. Assim, os estudantes tinham como referência os livros disponíveis na biblioteca escolar, familiar (muitas famílias tinham coleções de enciclopédias em casa) ou pública. As informações eram restritas e o professor tinha papel central como detentor de informações.
A difusão da web revolucionou esse processo, pois a cooperação para a construção e partilha de saberes tomou uma dimensão global! A produção e atualização de informações passaram a crescer de forma explosiva, nunca antes conhecida na história da humanidade. As informações das enciclopédias impressas se tornaram, em grande parte, obsoletas por não contarem com a atualização contínua, que é típica do meio digital. As mudanças são tão profundas que inúmeros autores estudam o fenômeno da então denominada Sociedade da Informação ou Sociedade do Conhecimento.
box%20saiba%20mais%20azul.png

Atividade 5.1 icone_presencial.png icone_em_grupo.png icone_reflexao_pegagogica.png 

O computador vai substituir o professor?
No contexto da Sociedade da Informação ou Conhecimento, tem sido recorrente o questionamento: “Será que o computador irá substituir o professor?”. Precisamos superar essa dúvida antes que possamos avançar. Assim, sugerimos a leitura da resposta elaborada por Andrea Cecilia Ramal (2000), que incluímos logo adiante, neste material.
O assunto é complexo e bastante rico para o debate e troca de experiências e percepções. Recomendamos a leitura do texto da seção e o diálogo em pequenos grupos. Para auxiliar nas reflexões, apresentamos algumas problematizações que já podem orientar a leitura do texto:
  • O que caracteriza a sociedade atualmente está em consonância com o termo “Sociedade da Informação”?
  • Será que o computador irá substituir o professor?
  • Qual o papel do professor nesse novo contexto informacional?
Ao final do debate, sugerimos que cada grupo escolha uma palavra para sintetizar a mensagem sobre a leitura realizada – escrevendo um pequeno texto explicando porque tal palavra foi escolhida. Se desejarem, cada membro do grupo pode publicá-lo em seu blog. Lembre-se de que a mensagem do blog deve contextualizar seus leitores, ou seja, é preciso citar o texto original ao qual se referem às reflexões e os participantes do grupo.
O computador vai substituir o professor?
O diálogo que vou propor nesta coluna é sobre a escola. Acho que precisamos conversar sobre isso. A Internet está trazendo consigo um novo modelo de educação, uma forma diferente de aprendizagem, e precisamos entendê-lo, apropriar-nos disso, ser protagonistas da mudança.
Precisamos conversar principalmente porque a existência dessa grande rede nos faz pensar na escola que temos, ainda tão fechada, limitada, desconectada do mundo, da vida do aluno; ainda tão distante da realidade de imagens, sons, cores e palavras em hipermídia que constitui a nossa vida hoje.
Precisamos conversar sobre nossos sonhos para a escola, pois, se vocês não sabem, há séculos, nós, pedagogos, acumulamos sonhos sobre a sala de aula. Ivan Illich sonhava com uma educação que não fosse limitada às instituições, que formalizam tudo. Jean-Jacques Rousseau pensava numa escola que não corrompesse o homem, deixando simplesmente vir à tona o que temos de melhor. Jean Piaget queria que os níveis mentais fossem respeitados, sem pular etapas, para que não tivéssemos que aprender aos saltos, ou decorar o que não entendemos. Freinet sonhava com uma escola que permitisse o prazer, a aprendizagem agradável e divertida. Paulo Freire sonhava com um lugar em que o saber do aluno fosse valorizado, onde a relação vivida nas aulas fosse o ponto de partida para uma grande transformação do mundo. Goleman escreve sobre uma escola que permita desenvolver o lado emocional, que tenha espaço para as artes, a música, as coisas que, enfim, nos fazem mais humanos.
Mas não soubemos concretizar muitos desses sonhos. Talvez ainda não tivemos tempo, porque era preciso primeiro preparar aulas, corrigir provas, anotar no quadro e nos cadernos tantas e tantas explicações.
De repente, a tecnologia entra na escola e nos obriga a recuperar tudo isso. A presença da máquina leva todo professor a se perguntar: como é a minha aula? Do que decorre: será que o professor vai ser substituído pelo computador? E sabemos que a resposta é sim, não temos a menor dúvida.
Explico: é que o pior de nós vai ser substituído.
A nossa pior aula, o lado repetitivo, burocrático e por vezes até acomodado da escola, esse vamos deixar para o computador. Ele saberá transformar nossas exposições maçantes em aulas multimídia interativas, em hipertextos fascinantes, em telas coloridas e interfaces amigáveis preparadas para a construção do saber. Então poderemos, finalmente, ficar com a melhor parte, aquela para a qual não nos sobrava tempo, porque pensávamos que devíamos transmitir conhecimentos.
Vamos receber de herança os sonhos de todas as outras gerações, redimi-los realizando tudo o que não puderam conhecer. Agora sim, está em nossas mãos a derrubada dos muros para fazer conexões com o mundo, a criação do espaço para a arte e a poesia, o tempo para o diálogo amigo, o trabalho cooperativo, a discussão coletiva, a partilha dos sentidos. Está em nossas mãos a construção de uma escola mais feliz, feita por mestres e alunos que saibam, juntos, propor links e janelas para a sala de aula, onde aprender não seja uma tarefa árdua e penosa, mas sim uma aventura.
Então será preciso que cada mestre se despeça da figura de professor transmissor de conteúdos que há em si mesmo, e que os alunos abandonem seu papel de receptores passivos. Isso é o pior de todos nós, não nos daremos mais a conhecer assim.
Vamos tentar construir juntos algo novo. É claro que nós, professores, vamos precisar de ajuda: os alunos saberão nos dizer como fazer. Será que eles aceitam ser nossos mestres? Acho que sim, é só por este próximo milênio. Nessa nova sala de aula, na verdade todos serão mestres.
E, curiosamente, a gente vai aprender como nunca.
Andrea Cecilia Ramal
3-pontinhos-escala-correta.png 

Andrea Cecilia Ramal (2000) destaca no texto anterior que é inútil tentar concorrer com a quantidade e qualidade de informações disponível naInternet. E nós já sabemos que também não podemos simplesmente ignorar a sua existência. A mesma autora, em outro artigo, “Ler e escrever na cultura digital” já mencionado na Unidade 2, avança ainda mais na busca da compreensão do novo papel do professor neste momento tão especial que vivemos. Ao final do seu artigo, ela afirma que precisamos reinventar a nossa profissão e articula sua proposta com os três eixos de conteúdos apontados pelos nossos PCNs: conceituais, procedimentais e atitudinais. A autora então propõe que um professor deve atuar:
“Nos conteúdos conceituais, como arquiteto cognitivo, responsável por traçar as estratégias e definir os métodos mais adequados para que o aluno chegue a uma construção ativa do conhecimento; nos conteúdos procedimentais, como dinamizador de grupos, ao ajudar os estudantes a descobrirem as formas pelas quais se chega ao saber, os processos mais eficazes e o diálogo possível entre as disciplinas, gerenciando uma sala de aula na qual os estudantes, com suas diversas competências, dialogam com respeito entre si e estabelecem parcerias produtivas; e, nos conteúdos atitudinais, como educador, comprometendo-se com o desafio de estimular a consciência crítica para que todos os recursos desse novo mundo sejam utilizados a serviço da construção de uma humanidade também nova, com base nos critérios de justiça social e respeito à dignidade humana.” (RAMAL, 2000, p. 08).
A autora nos conclama ao maior dos nossos desafios, que será o da construção de uma pedagogia baseada na abertura para o outro, reconhecendo a sua importância e privilegiando a reciprocidade, a pluralidade das vozes que constroem o sentido da nossa existência comum. Nas palavras da autora:
“(...) A escola da cibercultura pode tornar-se o espaço de todas as vozes, todas as falas e todos os textos. O desafio mais instigante é o do professor, que pode finalmente reinventar-se como alguém que vem dialogar e criar as condições necessárias para que todas as vozes sejam ouvidas e cresçam juntas.” (RAMAL, 2000, p. 09).
Cooperação ou Interação?
Quer saber qual foi a palavra que escolhemos como a palavra-chave da leitura do texto “O computador vai substituir o professor?” Nós escolhemos a palavra COOPERAR, pois entendemos que essa palavra nos sintoniza com a postura que consideramos necessária nesta época de tantas e tão complexas interações.
Consideramos a palavra cooperação mais adequada que a palavra interação, porque esta última apenas designa a ação conjunta entre duas ou mais pessoas, com a troca de alguns valores (materiais, emocionais, intelectuais ou éticos). Já a palavra cooperação designa muito mais, pois se refere a um tipo específico de interação, no qual se busca que os valores trocados estejam em equilíbrio. Em cooperação não há opressão, não há uso, nem abuso do outro. A cooperação presume que não só as ações sejam comuns, mas que as intenções também sejam compartilhadas.
A origem das ideias apresentadas no parágrafo que você acabou de ler tem como base o pensamento de Jean Piaget (1973). No seu livro, “Estudos Sociológicos”, o autor formaliza o conceito de cooperação. Para Piaget (1973), a cooperação é o melhor caminho para o desenvolvimento da autonomia intelectual e moral. Em suas palavras:
“Neste sentido as relações pedagógicas só podem supor um clima de confiança, no qual a afetividade está compreendida. Na realidade a educação forma um todo indissociável e não é possível formar personalidades autônomas no domínio moral se, por outro lado, o indivíduo está submetido a uma coerção intelectual tal que deva se limitar a aprender passivamente, sem tentar descobrir por si mesmo a verdade: se ele é passivo intelectualmente não pode ser livre moralmente. Mas reciprocamente, se sua moral consiste exclusivamente numa submissão à vontade adulta e se as únicas relações sociais que constituem a vida da classe escolar são as que ligam cada aluno individualmente a um mestre que determina todos os poderes, ele não pode tampouco ser ativo intelectualmente.” (PIAGET, 1973 apud DOLLE, 1987, p. 198).
Infelizmente, em nossa sociedade, há maior estímulo a atitudes individualistas e à competição do que a condutas cooperativas. Podemos observar nas brincadeiras infantis, normalmente jogos de disputas com pontuações; nas práticas escolares, com a premiação dos “melhores” alunos; nos diversos processos seletivos e concursos que fazem parte da carreira profissional, entre outros exemplos.
O que muda na formação humana quando temos um ambiente cooperativo?

Atividade 5.2 icone_presencial.png icone_em_grupo.png icone_reflexao_pegagogica.png 

Vivenciando princípios da cooperação
Nossa proposta nesta atividade é que você realize uma dinâmica com seus alunos e/ou colegas para vivenciarem e perceberem juntos os princípios da cooperação.
Como proposta, sugerimos a realização da brincadeira da “dança das cadeiras” em duas versões. Primeiramente na forma competitiva, bastante conhecida. E, em seguida, na sua versão cooperativa, conforme orientações abaixo.
Dança das cadeiras – versão competitiva
Forme um círculo de cadeiras com os assentos voltados para fora. O número de cadeiras deve ser equivalente ao número de participantes menos uma.
Ao som de uma música de sua escolha, peça que os participantes “dancem”, caminhando ao redor das cadeiras. E, quando a música parar, cada participante deve tentar sentar em uma cadeira. Como o número de cadeiras é menor que o de participantes, um ficará de fora; sendo excluído da brincadeira.
Tire uma cadeira e recomece. Ganha aquele que conseguir ficar até o final.
Dança das Cadeiras – versão cooperativa
Fonte: Jogos Cooperativos, Editora Sinodal.
Ao invés de sair do jogo, por falta de cadeira, o objetivo é acomodar a todos, da melhor forma possível. Também vão sendo retiradas cadeiras a cada vez, para aumentar a dificuldade e a graça da brincadeira. O grupo ganha quando consegue equilibrar todos os participantes no menor número possível de cadeiras.
Obs.: Uma variação da brincadeira pode ser feita substituindo as cadeiras por folhas de papel ou jornal. Desta forma, ao invés de terem que “sentar”, o objetivo é não tocar no chão. O(s) pé(s) deve(m) sempre estar sobre um papel.
Ao final, estruture com a turma um quadro de comparação das emoções e habilidades envolvidas em cada uma das experiências. Vocês podem comparar suas observações com algumas diferenciações que apontamos.
Jogo das cadeiras competitivo:
  • ansiedade;
  • pressa (correria);
  • medo de exclusão;
  • individualismo (cada um por si);
  • em alguns casos, agressividade e empurrões.
No caso de exclusão:
  • vergonha;
  • frustação.
No caso de ganho:
  • orgulho;
  • empoderamento.
Jogo das cadeiras cooperativo:
  • tranquilidade, pois não há pressa;
  • sentimento de união, integração do grupo;
  • cooperação (todos são responsáveis);
  • estímulo à criatividade e resolução de problemas (os recursos ficam escassos, mas todo grupo deve ser atendido);
  • estímulo ao diálogo e negociação entre o grupo.
O grupo sempre vence. Assim, os sentimentos enaltecidos são sempre positivos: de orgulho, superação e empoderamento.
3-pontinhos-escala-correta.png

Ficou claro que o ambiente mais saudável para o pleno desenvolvimento do indivíduo é um ambiente cooperativo?
A escola tem um papel essencial na promoção e desenvolvimento desse tipo de conduta. Nessa perspectiva, daremos continuidade aos nossos estudos, com ênfase na cooperação online.
Esperamos que nosso objetivo até aqui tenha sido atingido, ou seja, esperamos que você tenha compreendido que apropriar-se do uso das redes de comunicação na sua prática poderá levar-lhe, pouco a pouco, a construir uma nova relação com seus alunos e com a sua comunidade.
Nessa realidade, as relações cooperativas que se desenvolvem nas atividades coletivas devem ter destaque no planejamento pedagógico. Afinal, como disse Ramal (2000), o professor precisa transformar-se num arquiteto cognitivo, num dinamizador de grupos. O papel dos professores será o de traçar o cenário no qual as interações irão ocorrer, com a possibilidade de potencializar a aprendizagem, a convivência, o respeito mútuo etc.
A experiência e capacidade crítica dos professores são então os principais recursos que as novas gerações necessitam para poder aprender a dar valor à cooperação e à solidariedade. E, desse modo, estarão preparados para participar significantemente na Sociedade da Informação/Conhecimento, que estaremos pensando e vivendo como Sociedade da Cooperação.

Para Refletir: icone_para_refletir.png 
Ensinar a cooperar e a ser solidário presume aprender a conviver, trabalhando juntos e dividindo tarefas de forma equilibrada e justa. Um bom caminho é solicitar que nossos alunos realizem em grupos tarefas um pouco mais complexas nas quais eles precisem estabelecer metas e estratégias, além de escolher recursos e organizar a divisão do trabalho. Mas solicitar que realizem essas tarefas não será suficiente, precisamos estar preparados para ajudá-los. O professor tem um papel importante na mediação de todo o processo, orientando os alunos a resolverem seus conflitos de modo a tomarem consciência dos princípios éticos que estão em jogo a cada momento.

É importante destacar que nos momentos de mediação, a problematização é fundamental para o processo de ensino e aprendizagem. Assim, professor e aluno problematizando e sendo problematizado, juntos trabalham comprometidos com a busca cooperativa de respostas na construção do conhecimento.
box%20saiba%20mais%20azul.png


Atividade 5.3 icone_presencial.png icone_em_grupo.png icone_reflexao_pegagogica.png icone_projeto_integrado.png

Projeto Integrado de Aprendizagem (continuação)
Sabemos que atitudes cooperativas precisam ser aprendidas e valorizadas eticamente. É uma grande responsabilidade! Um grande desafio! Como vocês se sentem a respeito? Vamos falar sobre isso? Nas nossas atuais práticas pedagógicas, estamos conseguindo ensinar nossos alunos a cooperar? Como você percebe que a realização do seu projeto integrado de aprendizagem está lhe preparando para enfrentar esse desafio? Esse é mais um bom assunto para outra postagem no blog do Projeto. Decida com o seu grupo se querem postar ou não, afinal, agora entramos um pouco no terreno das emoções e, então, vocês decidem. De todo modo, discutam a respeito.
3-pontinhos-escala-correta.png 
Cooperação para criar e publicar conteúdo online
Estamos falando em cooperação na rede (digital)Internet. Nesse contexto, um aspecto central é o processo de produção e de distribuição de conteúdo digital, apoiado por ferramentas que permitam o controle descentralizado, o compartilhamento, a revisão e a reconstrução desse conteúdo.
Outro conjunto importante de ferramentas é aquele que promove o diálogo para a construção cooperativa desses conteúdos digitais, afinal, cooperação pressupõe diálogo.
Nesta unidade, trataremos da primeira categoria citada, ou seja, estudaremos as ferramentas que estão relacionadas com a dimensão da produção e distribuição. Na próxima unidade, trataremos da segunda categoria, que decidimos nomear de “cooperação pressupõe diálogo”.
Ao longo deste curso você está tendo a oportunidade de evoluir na sua forma de integração à Internet. Talvez você ainda não esteja plenamente consciente dessa trajetória, portanto vamos juntos analisá-la. Em um primeiro momento, ao pesquisar, você atuou enquanto leitor. Com a criação de um blog você ingressou em uma nova categoria – autor!
A experiência de autoria é muito rica. E podemos torná-la ainda mais fascinante se integrarmos efetivamente a dimensão da produção cooperativaonline! De certa forma, você já está atuando de forma cooperativa, certo? Seu blog ou de seu grupo, está sendo uma produção coletiva e está disponível para que outras pessoas possam usufruir. Assim, você está contribuindo com sua parte. Por outro lado, talvez existam pessoas de todas as partes do mundo também dispostas a contribuir com o seu projeto e com seu blog. Você sabia disso? Primo e Recuero (2006) defendem que, ao longo de sua história, a própria web foi se transformando de um propósito de publicações individuais para uma forma mais cooperativa:
“No que toca à produção, enquanto no primeiro período da web os sites (como ashomepages) eram trabalhados como unidades isoladas, passa-se agora para uma estrutura integrada de funcionalidades e conteúdo. Enfim, a produção colaborativa transforma-se no principal valor, apostando-se que quanto mais interagentes participarem da construção coletiva, mais bens públicos podem ser compartilhados por todos os participantes.” (PRIMO; RECUERO, 2006, p. 84)
Essa grande evolução da web deixou para trás a apresentação de páginas estáticas apenas para leitura, passando a interagir com seus leitores, permitindo a inclusão de conteúdos através de ferramentas de produção de conteúdo digital, e até mesmo cooperativo, como é o caso do Google Docs.
Wikipédia e a tecnologia Wiki
Provavelmente, você já esteja curioso(a) para conhecer mais sobre essa dimensão cooperativa de inserção na web! Estão, vamos conhecer algumas possibilidades. Primo e Recuero (2006) nos dão uma dica para iniciarmos nossas explorações ao comentar que na web 2.0, a abertura dos hipertextos à participação é levada ao limite. A melhor ilustração desse limite continua sendo a enciclopédia colaborativa Wikipédia” (PRIMO; RECUERO, 2006, p. 84).
Nossa primeira “parada” será, então, na Wikipédia! Abra seu Navegador web e digite o endereço http://pt.wikipedia.org/. A Wikipédia é uma enciclopédia digital. Para buscar um verbete (ou artigo) nessa enciclopédia, basta digitar uma palavra-chave na caixa de busca à esquerda da página. Se houver algum artigo sobre o tema ele será apresentado na área central, conforme ilustra a figura abaixo.
Figura%205.1.png 
Figura 5.1: Verbete sobre o Ministério da Educação, da Wikipédia
Até este ponto não observamos nada de surpreendente, certo? Mas analise com mais atenção. Observe as abas com as opções (artigo, discussão, editar, história) disponíveis acima do título do artigo. O que há de diferente nessa enciclopédia?
Mais uma pista: se pesquisarmos por um assunto para o qual ainda não há nenhum artigo disponível, que informações recebemos como retorno? No exemplo da figura abaixo, que mostra o resultado da busca para o verbete Proinfo, pudemos observar que, no momento de escrita deste material, ainda não havia nenhuma página abordando o PROINFO.
Figura%205.2.png 
Figura 5.2: Resultado nulo de pesquisa na Wikipédia
Então, a dica é: observe que é apresentada uma mensagem sugerindo que você crie: “Crie a página incluindo as suas referências”. Diante disso, o que você pode concluir a respeito desta enciclopédia naweb?
Foi possível perceber que a Wikipédia é uma enciclopédia aberta? Na qual pessoas de todo o mundo contribuem para a escrita de artigos e qualquer usuário da enciclopédia pode editar os artigos já postados? É isso que as abas editar e o link criar página estão nos indicando. Essa enciclopédia é realmente um exemplo surpreendente de cooperação!

Atividade 5.4 icone_presencial.png icone_em_grupo.png icone_aprendizado_tecnologia.png icone_projeto_integrado.png

Pesquisando na Wikipédia (01)
Pesquise na Wikipédia conceitos relevantes para o seu projeto integrado de aprendizagem. Depois escreva uma postagem no seu blog incluindo o link para o artigo da Wikipédia. Se você encontrar alguma coisa que considere interessante para algum outro projeto dos seus colegas, deixe um comentário no blog deles, assim você estará cooperando com os seus companheiros professores. Se sentir dificuldades não deixe de pedir ajuda.
3-pontinhos-escala-correta.png

É impressionante, não é mesmo? Um dos motivos pelo qual a Wikipédia e a ferramenta wiki tenha crescido é a simplicidade de edição do seu conteúdo. Aprender sobre isso foge ao escopo do nosso trabalho nesse curso, mas queremos lhe pedir que analise como ocorre a edição, pois para quem já enfrentou um Editor de Textos, até que parece simples.
Vídeo 5.1: Veja como é fácil editar na Wikipédia
Mas além de consultar, agora sabemos que podemos ser autores também. Afinal, ela não é livre? Por que não publicarmos algo sobre nosso local, nossos regionalismos (um projeto em língua portuguesa sobre as gírias da cidade)? Poderíamos também pedir aos alunos para avaliar se um determinado verbete está corretamente definido etc.
Mas em qualquer dos casos temos uma dificuldade. Com tantas regras, de início ficamos um tanto receosos de nos colocar ao nível de autoria e acabamos sendo apenas leitores. Vamos simplificar. Vamos começar, nós e nossos alunos, com o objetivo de aprender a ser bons leitores! A compreensão de como essa enciclopédia se estruturou e, em função disso, de como ela deve ser lida, pode ser um foco importante do nosso trabalho pedagógico.
box%20saiba%20mais%20azul.png
Desvendando o mundo Wiki
Já tendo compreendido como se estrutura a Wikipédia, é interessante ainda observar que esse modo de produção das definições dos verbetes constantes dessa enciclopédia da web pode ser estendido para a construção de outros tipos de conteúdos, não apenas de dicionários ou enciclopédias, mas de páginas em geral. Na verdade, a Wikipédia foi construída usando a tecnologia wiki (no caso da Wikipédia, o software usado para criá-la foi o MediaWiki).
O termo wiki significa “rápido, ligeiro, veloz” no idioma havaiano. Portanto, como o nome indica, a tecnologia wiki é uma proposta para construção colaborativa de páginas web (hipertextos) de forma rápida e eficiente. Ou seja, é um modo de produção e distribuição de conteúdo na web por grupos.
Conforme vimos, a Wikipédia é, talvez, a mais famosa produção coletiva de um material no formatowiki. Contudo, há muitos outros exemplos de sucesso, a citar:
É uma proposta de criação de um Guia mundial de Viagens por pessoas interessadas em turismo.
Combina mapas de satélite com um sistema wiki e possibilita a busca de locais e a marcação dos pontos de interesse, de forma colaborativa, por usuários de todo o mundo.
Enciclopédia matemática livre.
Ficou mais clara a diversidade que a tecnologia wiki possibilita?
Há ainda outro ponto a ser destacado nas opções de trabalho com wikis. É possível criar wikis públicas ou restritas a um contexto específico, como uma empresa ou escola, por exemplo. Há várias ferramentas que permitem instalar serviços de wiki com exclusividade para uma determinada instituição. Desse modo, é necessário baixar o software, instalar no servidor rede da instituição e assim configurar o serviço de acordo com suas preferências, utilizando de forma pública ou apenas no âmbito de uma comunidade (empresa ou escola). Uma das vantagens em fazer isso está no fato da escola ou empresa poder decidir suas próprias regras sobre quem terá direito de produzir e publicar o conteúdo.
box%20saiba%20mais%20azul.png

Na Wikipédia, os conteúdos são predominantemente na forma escrita. Mas, se você tem interesse em outros formatos, saiba que também poderá conhecer ferramentas que possibilitam a publicação online por qualquer internauta.
YouTube e Serviços de Compartilhamento de Arquivos
Vamos agora explorar uma ferramenta bastante conhecida para a publicação de vídeos. O YouTube, mais um serviço do Google, é um site na Internet que permite que seus usuários carreguem, assistam e compartilhem vídeos em formato digital. É um dos mais populares do gênero. Esse fato é creditado à possibilidade de hospedar quaisquer vídeos, exceto materiais protegidos por copyright (direitos autorais).
O YouTube hospeda grande variedade de filmes, videoclipes e materiais caseiros. O material encontrado pode ser disponibilizado em blogs e sites pessoais através de mecanismos desenvolvidos pelo próprio site. Essa tecnologia, que permite o envio de informação multimídia, é chamada de streaming. Quando a ligação de rede é banda larga, a velocidade de transmissão da informação é elevada, dando a sensação de que o áudio e o vídeo são transmitidos em tempo real. Você sabia que o slogan do YouTube é “Transmita-se” (do inglês, Broadcast Yourself)? Quando as pessoas compartilham vídeos caseiros e filmes amadores com os usuários do site, é exatamente isso que estão fazendo.
box%20saiba%20mais%20azul.png

Outro recurso interessante que essa ferramenta oferece é integrar um vídeo ao seu blog. Observe que, ao assistir um vídeo no YouTube, algumas informações são apresentadas na página, conforme ilustra a figura a seguir.
Figura%205.4.png 
Figura 5.4: Descrição de um vídeo no YouTube
Já a opção “incorporar”, que está acessível no botão compartilhar, apresenta o código necessário para incorporar o vídeo em uma postagem de blog. Vamos ver como se faz isso?

Atividade 5.5 icone_em_grupo.png icone_aprendizado_tecnologia.png icone_projeto_integrado.png 

Publicando vídeo no YouTube
Com o seu grupo do projeto, escreva uma breve síntese de um vídeo que vocês consideraram significativo para suas aprendizagens até o momento e publiquem no blog do projeto, incorporando o vídeo à postagem.
Preparamos um Guia simples com as orientações técnicas para apoiá-lo(a) nessa atividade.
Vídeo 5.2: Publicando vídeo do Youtube no blog
3-pontinhos-escala-correta.png

box%20saiba%20mais%20azul.png

Além dessas, há muitas outras que poderiam ser citadas. Que tal estruturar uma lista mais completa com seus colegas? Talvez vocês possam usar uma ferramenta para facilitar a criação de um documento que fique acessível para visualização e edição por todos. Poderiam produzir um documento colaborativo no Google Docs. Você ainda não conhece o Google Docs? Já, já você terá essa oportunidade!
box%20saiba%20mais%20azul.png

Para você experimentar, produzir e compartilhar documentos digitais com o Google Docs, incluímos um vídeo tutorial com uma descrição mais completa dessa ferramenta, sob o título “Saiba mais sobre o Google Docs”, da qual constam também algumas orientações sobre produção e compartilhamento de um texto.
Vídeo 5.3: Saiba mais sobre o Google Docs
box-dica-azul.png
Concluindo
Nesta Unidade, avançamos bastante no nosso propósito de tentar compreender as tecnologias digitais e o porquê de serem elas tão importantes para a nossa vida e profissão. Analisamos o papel das ações cooperativas em rede no processo de aprendizagem.
Tivemos contato com algumas ferramentas de produção e veiculação de conteúdo digital, dentre elas as ferramentas do tipo wiki, que permitiram a construção cooperativa e anônima de uma grande enciclopédia em diversas línguas. Assim, aprendemos como essa enciclopédia se estrutura.
Conversamos, ainda, sobre os repositórios de compartilhamento de conteúdo em diversos formatos, vídeos, slides etc., conteúdos que podem ser referenciados a partir de outras páginas da Internet. Aprendemos a incorporar a visualização de um vídeo no nosso próprio blog e compreendemos o conceito de computação “em nuvem”.
Na próxima unidade, vamos tratar das ferramentas para o debate e o diálogo na rede digital. Vamos analisar as particularidades da interação que cada uma propicia e também como essas especificidades transformam, potencializando ou limitando, nossa capacidade de comunicação. Contamos com a sua participação!

É tempo de memorial icone_memorial.png
Provavelmente você já tenha criado o hábito de registrar as suas impressões, dificuldades, avanços e desafios ao final de cada unidade.
Para esta unidade, gostaríamos de propor que essa memória seja estruturada de forma colaborativa. Nossa sugestão é que pequenos grupos, de três ou quatro participantes, criem um documento compartilhado no Google Docs para o registro das principais aprendizagens construídas.
Sugerimos que estabeleçam acordos claros para garantir o sucesso na realização dessa primeira experiência de produção coletiva. Dentre as questões que consideramos importantes articular, já no início do trabalho, estão:
  1. 1.Como será a estrutura do documento de memória?
  2. 2.Quem será responsável por criar o documento e compartilhar com os demais para o início da edição?
  3. 3.Qual a estratégia de comunicação colaborativa? O grupo terá encontros presenciais? Utilizará ferramentas para interação a distância? Quais?
  4. 4.O grupo irá estipular um cronograma para essas interações?
  5. 5.Haverá algum acordo sobre marcações (cores, tipo de fonte) para diferenciar contribuições de cada participante?
  6. 6.Como negociarão propostas de alteração/complementação nas contribuições dos colegas? Obs.: Novamente tratar das estratégias de comunicação.
  7. 7.Como farão uma síntese final da memória do grupo?
Bom trabalho!!!
Referências Bibliográficas
DOLLE, Jean Marie. Para compreender Jean Piaget: uma iniciação à psicologia genética piagetiana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987.
PIAGET, Jean. Estudos Sociológicos. Rio de Janeiro: Forense, 1973.
PRIMO, Alex; RECUERO, Raquel da Cunha. A terceira geração da hipertextualidade: cooperação e conflito na escrita coletiva de hipertextos com linksmultidirecionais. Líbero (FACASPER), v. IX, 2006, p. 83-93. Disponível em:http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/links_multi.pdf. Acesso em: 7 jul. 2009.
RAMAL, Andrea Cecilia. O computador vai substituir o professor? Revista Aulas e Cursos (UOL). Disponível em:http://www2.faccat.br/download/pdf/posgraduacao/profaberenice 4/09-computador_substituir_professor.pdf Data de publicação: mar. 2000. Acesso em: 7 jul. 2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário