Unidade 1

Unidade 1:
Tecnologias no cotidiano: desafios à inclusão digital

Estamos iniciando o Curso de Introdução à Educação Digital. Esse curso integra um conjunto de políticas públicas voltadas à ampliação do acesso a Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas escolas e formação para o seu uso competente e autônomo. Estudando-o, você estará participando deste processo formativo enquanto aprende sobre mídias e tecnologias e maneja algumas ferramentas de produção disponíveis nos computadores.
Ao mesmo tempo em que você aprende como usar essas ferramentas, é importante, e fazemos o convite, que você já comece a refletir sobre as mudanças que elas possibilitam na sua trajetória pessoal e profissional. Mas antes, sobre como elas já vêm afetando nosso mundo e sobre como devemos agir para ter algum controle sobre tais mudanças.
Ao mesmo tempo em que você aprende como usar essas ferramentas, é importante convidarmos você a refletir sobre as mudanças que elas possibilitam na sua trajetória pessoal e profissional. Mas antes, sobre como elas já vêm afetando nosso mundo e sobre como devemos agir para ter algum controle sobre tais mudanças.
A chegada das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na escola nos traz desafios. As soluções vão depender de ações planejadas que considere o contexto de cada escola, o trabalho pedagógico que nela se realiza, as especificidades do seu corpo docente e discente, a comunidade interna e externa, os propósitos educacionais e as estratégias que propiciem aprendizagem.
Precisamos compreender a realidade em que atuamos e planejar a construção dos novos cenários onde aprendemos, ensinamos, consumimos, enfim, onde vivemos e nos relacionamos. Não há só um caminho, nem uma só solução – ao contrário, há uma gama de possibilidades e poderemos até encontrar novas respostas para velhas perguntas.
Nesta primeira unidade vamos iniciar essa reflexão, ao mesmo tempo em que vamos tomando contato com algumas dessas novas ferramentas, compreendendo como interagir com elas, com suas interfaces, suas possibilidades, conceituando-as e nos apropriando da linguagem da área. Faremos leituras, assistiremos a vídeos, navegaremos em páginas da Internet, publicaremos nossas ideias num fórum virtual. Vamos também conhecer alguns bons casos de uso da tecnologia digital na escola.
Além dessa reflexão e do contato inicial com o computador, nesta unidade vamos também iniciar o projeto de trabalho que estruturará a maioria das nossas atividades durante todo o estudo deste módulo.
Objetivos de aprendizagem desta unidade de estudo e prática:
Esta unidade será então sua primeira exploração no mundo digital? Ao seu final, esperamos que você chegue a:

  • compreender a necessidade de refletir sobre as questões que antecedem às decisões relativas à inserção das TIC na sua prática pedagógica, percebendo a diversidade e a complexidade da temática Inclusão Digital;
  • formar uma ideia inicial a respeito das potencialidades de processamento de informação das tecnologias digitais;
  • familiarizar-se com os recursos mais básicos do computador: uso do mouse e teclado, identificação dos itens do desktop e uso de editores de textos simples;
  • conceituar o que é um computador, identificando seus principais componentes, distinguindo função, capacidade/performance dentre outros aspectos;
  • conceituar sotware, hardware e sistema operacional distinguindo a política desoftware livre com a concomitante valorização dos seus princípios para uma educação cidadã;
  • familiarizar-se com o uso de fóruns de discussão e com a navegação em conteúdo da Internet;
  • ampliar sua compreensão sobre as possibilidades de comunicação disponíveis com as TIC.
Introdução
As tecnologias são produto e meio da relação do homem com a natureza. Vivemos em um cenário de grandes transformações sociais e econômicas. Essas transformações estão revolucionando nossos modos de produção, de comunicação e de relacionamento, e estão produzindo um intenso intercâmbio de produtos e práticas socioculturais. Nesse contexto globalizado, as novas mídias e tecnologias invadem nosso cotidiano.

Vídeo 1.01
Como devemos então proceder na escola para enfrentar os problemas e desafios que a nós se apresentam? Essa é uma pergunta complexa. Para respondê-la, precisamos entender melhor as relações entre tecnologia e sociedade e, dessas, com a escola. Para tal, propomos a realização da atividade a seguir.

Atividade 1.1 icone_a_distancia.png icone_reflexao_pegagogica.png 

Reconhecendo as interfaces existentes entre escola, sociedade e tecnologias.
Esta atividade se constitui inicialmente da leitura do texto que segue e da elaboração por escrito de algumas reflexões sobre a complexa relação homem-técnica e inserção dos computadores e da Internet na escola. Ela é composta de três momentos:
Momento 1: Leitura do texto;
Momento 2: Elaboração e redação das reflexões com sua compreensão sobre a questão Inclusão Digital;
Momento 3: Discussão presencial com seus colegas e formadores.
Momento 1 - Leitura do texto.
Convidamos você a iniciar a leitura. Enquanto estiver lendo, nós iremos sugerir uma série de momentos e questões para reflexão. Em cada um deles anote as ideias, questionamentos e dúvidas que forem surgindo.
Por que precisamos usar a tecnologia na escola? As relações entre a escola, a tecnologia e a sociedade.
Se este texto estivesse sendo lido por você a vinte e tantos anos atrás, uma questão que provavelmente apareceria, seria se deveríamos ou não usar as novas (nem tanto mais) tecnologias na educação. No início da década de 80, havia o anseio de que essa tecnologia poderia produzir a massificação do ensino, descartando a necessidade do professor, ou que pudesse levar a aceleração perigosa de estágios de aprendizagem com consequências graves. Argumentava-se também sobre o disparate de usar microcomputadores em escolas que eram carentes de outros tantos recursos. Hoje em dia, no entanto, já há bastante concordância sobre o fato de que as tecnologias de informação e comunicação devam ser incorporadas ao processo educacional. Permanecem, contudo, dúvidas sobre por que (ou sob qual perspectiva) e sobre como essa incorporação deve acontecer.

Para refletir: icone_para_refletir.png
Antes de prosseguir a leitura, pare um pouco, pense nas questões a seguir e registre por escrito suas respostas numa folha:
  • Por que precisamos usar a tecnologia na escola?
  • Você já apresentou essequestionamento aos colegas, pais ou mesmo aos estudantes?
  • Caso tenha feito, que respostas ouviu?
  • Teria por acaso ouvido que precisamos preparar os educandos para o mercado de trabalho?
  • Você ficou satisfeito com essa resposta ou pensou em outros aspectos além desse?

Se você também não se contenta com esse último argumento, está convidado para uma reflexão mais ampla acerca do tema! Neste texto, apresentamos diversos argumentos para demonstrar que o uso das tecnologias de informação e comunicação pelas escolas tem razões que vão além da importante questão da preparação para o trabalho, pois entendemos que a superação das exclusões não vai se dar pela via da empregabilidade apenas. A crise social que estamos vivendo vai muito além do desemprego, pois estar empregado é condição necessária, mas cada vez menos suficiente para a cidadania.
É preciso superar a lógica da empregabilidade, pois esta não dá conta da sutileza e da complexidade da relação entre escola, tecnologia e sociedade. Não contribui também para a construção de uma educação para a solidariedade, para a equidade, para o consumo ecologicamente sustentável. Está impregnada por um conceito de desenvolvimento predatório e dependente.
Em síntese, como diz Hugo Assmann (1998), não basta educar a massa trabalhadora para alimentar a máquina produtiva, é preciso educar para provocar indignação frente a aceitação conformista da relação tecnologia X exclusão. É preciso formar cidadãos aptos a construir uma sociedade solidária, principalmente quando se considera que uma sociedade sensivelmente solidária precisa ser permanentemente reconstruída. Cada geração precisa aprender a dar valor à solidariedade. Juan Carlos Tedesco (2012) compartilha o mesmo entendimento: “no novo capitalismo a possibilidade de viver juntos não constitui uma consequência natural da ordem social senão uma aspiração que deve ser socialmente construída.” (TEDESCO, 2012, p. 20). Então,“a educação para a solidariedade persistente se perspectiva como a mais avançada tarefa social emancipatória.” (ASSMANN, 1998, p. 21).
O professor Tedesco nos ajuda também a compreender de que tipo de solidariedade esta época em que vivemos necessita. Ele esclarece que:
"A solidariedade que exige este novo capitalismo não é a solidariedade orgânica própria da era industrial, senão uma solidariedade reflexiva, consciente, que deve ser assumida com graus muito mais altos de voluntarismo do que no passado." (TEDESCO, 2012, p. 20).
Ou seja, não se trata mais de cada um simplesmente fazer bem a sua função, sem precisar entender muito a respeito das funções dos outros. Agora trata-se de precisar refletir a respeito da complexidade da rede de relações que estabelecemos e das consequências das nossas ações sobre os outros, pensando e agindo coletivamente em busca do bem comum.
O uso ou a incorporação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) nos processos educativos tem implicações que ultrapassam de longe os muros de uma sala de aula ou de uma escola. Afinal, essas tecnologias favoreceram grandes mudanças, neste período que está sendo chamado de revolucionário.
Analisando a história da nossa civilização, percebemos que em vários momentos ocorreram mudanças revolucionárias no modo como o homem vivia. Aprofundando a nossa análise dessas revoluções históricas percebemos que entre seus motivos estava sempre a invenção de alguma ferramenta que expandiu a nossa capacidade de ação sobre o mundo (ou sobre a nossa realidade), ou, que expandiu a nossa capacidade de comunicação e de expressão. Tomemos como exemplo a revolução industrial com seus inventos principais: a máquina a vapore a criação da imprensa.
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Figura 1.01 - Exemplo de máquina a vapor
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Figura 1.02 - Prensa de Gutemberg
As TIC ampliam essas capacidades de modo extraordinário, e, por isso, a dimensão das mudanças que elas estão produzindo vem gerando profundas crises e desequilíbrios. O mercado de trabalho que afeta a vida de todos também vem se transformando continuamente: muitas profissões e postos de trabalho foram extintos; novos produtos são criados constantemente; há desemprego em muitos setores e falta de trabalhadores em outros.
"A mutação das técnicas produtivas é acompanhada por novas formas de divisão do trabalho e, logo também, pelo surgimento de novas classes sociais, com o desaparecimento e a perda de poder das classes precedentes, por uma mudança da composição social e das próprias relações políticas." (ROSSI apud MUSSIO, 1987, p.20).
Muitas incertezas afligem as pessoas nessa nossa época de uso intensivo de TIC. Dentre as questões em destaque estão:
  • Como garantir sociedades democráticas e participativas?
  • Como garantir o acesso à informação por todos e evitar o aumento das formas de controle e vigilância da informação?
  • Como conseguir eficiência econômica e evitar mais concentração de renda?
  • Como conseguir segurança pública e evitar a instalação do terror?
  • Face às diferenças que se acirram, como conseguir uma sociedade com respeito mútuo, com justiça distributiva e sem invasão da privacidade ou massificação?

Para refletir: icone_para_refletir.png
Convidamos você novamente a parar um pouco a leitura e tentar fazer uma síntese do que foi dito. Uma boa estratégia para fazer uma síntese é construir um mapa conceitual. Vamos dar um exemplo iniciando a construção de um para os parágrafos acima.Se você achar interessante pode completá-lo a partir do ponto em que paramos.
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Figura 1.03 - Mapa conceitual

Novamente voltando alguns anos atrás, havia grandes expectativas sobre os efeitos da expansão do uso dessas tecnologias. Muitos estavam bastante otimistas, mas já havia quem alertasse que não deveríamos sê-lo, pois “nada está decidido a priori.” (LÉVY, 1993, p.9). Lévy nos lembrava já em 1993 que teríamos que inventar como gostaríamos que essa nova sociedade da informação fosse, do mesmo modo que inventamos a sua tecnologia. Ele ressaltava que havia um grande descompasso e distanciamento entre “a natureza dos problemas colocados à coletividade humana pela situação mundial da evolução técnica e o estado do debate coletivo sobre o assunto.” (LÉVY, 1993, p.7).
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Hoje em dia a realidade já não nos permite mais ser otimistas. É um fato bastante triste que no mundo de hoje – onde nunca tanta riqueza foi produzida – há tanto ou mais fome, doenças e injustiças se compararmos a tempos atrás. Logo, tanta tecnologia, por enquanto, não produziu os efeitos desejados. Está ficando bastante claro que a forma de uso que damos às TIC é determinante nas respostas dadas a todas as questões que apresentamos acima. De modo geral, pode-se dizer que as TIC abrem muitas possibilidades, mas a determinação do que - dentre o que é possível - vai se tornar realidade é do âmbito da política.
Então, se queremos uma Tecnodemocracia vamos precisar formar os sujeitos para isso. Precisamos pensar em alfabetização tecnológica para todos, pois quem não compreende a tecnologia não vai poder opinar sobre o que fazer com ela. Mas a alfabetização tecnológica é apenas o segundo passo (o primeiro é o acesso). A inclusão digital pra valer significa mais do que simplesmente ter acesso e saber usar. Inclusão Digital! Este é um conceito importante e que merece mais discussão
Felizmente, na perspectiva de acesso, o Brasil certamente avançou nos últimos anos.
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Segundo essas pesquisas, pode-se observar que a taxa brasileira média de acesso à Internet nos domicílios cresceu de 12,93%, em 2005, para 38% em 2011. Esses resultados são devidos a diversas políticas públicas que alteraram as condições de acesso do cidadão às tecnologias digitais e, desse modo, constituíram-se nas bases para a ampliação da cultura digital no nosso país. Dentre tais programas podemos citar: Programa Banda Larga na Escola; CDTC – Centro de Difusão de Tecnologia e Conhecimento; Programa Computador Portátil para Professores; Programa e Projeto UCA – Um Computador por Aluno; Programa SERPRO de Inclusão Digital – PSID; Projeto Computadores para Inclusão etc.
No contexto educativo, conforme pesquisa “TIC Educação” do CETIC, de 2011, a proporção de professores com acesso à Internet nos domicílios é de 89% e a proporção de alunos que já utilizaram a Internet é de 91%. Esses últimos dados parecem bastante satisfatórios. Contudo, precisamos analisar o quadro de forma mais ampla. Podemos observar, por exemplo, na mesma pesquisa, no critério “D1 - Forma de aprendizado do uso de computador e Internet pelo aluno” que o aprendizado do uso das TIC ocorre predominantemente fora da escola:
  • sozinho: entre 45% e 61% do total de alunos entrevistados;
  • com outras pessoas: entre 27% e 52%;
  • fez um curso específico: entre 7% e 37%;
  • com educador ou professor da escola: entre 6% e 15%;
  • com outros alunos: entre 1% e 8%.
Isso nos traz diversas dúvidas sobre a criticidade da apropriação por parte desses estudantes. Concordamos com Belloni (2010) que a escola precisa assumir um importante papel na Inclusão Digital:
"O papel da escola como dispositivo de inclusão e democratização do saber é extremamente importante, fundamental para a formação de usuários competentes, criativos e críticos (distanciados), capazes de colocar as TICs a serviço da criatividade humana e da solidariedade social. Para isso todavia serão necessários grandes esforços de formação de profissionais, além de formas competentes e eficazes de equipamentos , que façam da escola um espaço de descoberta e formação de crianças e jovens para exercerem sua cidadania e sua criatividade na “sociedade digital."(BELLONI, 2010, p. 123).
Belloni nos alerta então que a escola precisa recuperar seu papel como espaço legítimo de formação para o uso cidadão das TIC. Realmente as escolas são um espaço especial para inclusão digital, não só pela disponibilização e compartilhamento de recursos que proporciona, mas muito mais pelo poder que tem para influenciar tantas crianças e jovens justamente num momento em que são tão abertos e ávidos por aprender.
Para avançarmos na compreensão do conceito de Inclusão Digital, vamos fazer uma comparação com a alfabetização para a escrita e a leitura. Sabemos muito bem que o que é entendido como ser alfabetizado, muitas vezes é apenas ter atingido a capacidade de ler uma página impressa e de assinar o próprio nome. Sabemos que um cidadão precisa muito mais do que isso. Um cidadão precisa poder decidir sobre o que quer ler e ter acesso aos materiais que lhe interessam; precisa poder escrever com competência sobre o que desejar; e, acima de tudo, precisa, quando julgar necessário, ter assegurado o direito de ser lido.
O que queremos dizer é que a massificação de competências técnicas não é suficiente. É preciso mais. É preciso promover compreensão crítica sobre as tecnologias. Piero Mussio, abordando a questão da alfabetização tecnológica, destaca:
"Há dois níveis de compreensão de um instrumento tecnológico. O primeiro é o da compreensão técnica, típico dos especialistas [...] O segundo nível é o da compreensão do uso do instrumento [...] sendo capaz de avaliar, julgar o instrumento proposto não por seus mecanismos internos mas pelas suas funções (globais) externas." (MUSSIO, 1987, p.16).
"Mussio lembra que é preciso fazer crescer a consciência do significado cultural do instrumento de forma a minimizar a “delegação” de poder aos especialistas. Nesse nível de compreensão o usuário passa a naturalmente ser ator do projeto de inserção tecnológica. Acontece que esta atuação para se tornar explícita exige um processo trabalhoso de aprendizado, de compreensão e de adaptação. A questão que Mussio levanta nesta problemática é: como permitir a quem quiser usar convenientemente um artefato tecnológico, informar-se, não para ser civilizado ou alfabetizado apenas, mas para melhorar a si mesmo, ativando funções críticas autônomas de avaliação de tais sistemas, por aquilo que fazem e pelo modo como fazem." (RAMOS, 1996, p.6)
Em outras palavras, já que as TIC mudam profundamente os meios de produção e de consumo, o que está em jogo é o controle político e social desses meios.É preciso compreender a tecnologia para poder dizer como elas devem ser. Para Illich (1976), dominar uma ferramenta é muito mais do que aprender a usá-la, significa a garantia da possibilidade de se definir conjuntamente o que vamos fazer com elas.
Outro autor que analisa o conceito de Inclusão Digital é Edilson Cazeloto. Esse autorcritica a ideia de universalização da cultura de uso das TIC pois nos alerta que incutida nela está muitas vezes o fortalecimento da hegemonia capitalista, que fomenta desigualdades sociais. Os processos de inclusão digital precisam ser realizados levando em consideração tradições, saberes e práticas culturais anteriores:
"Nos discursos e práticas de inclusão digital, o acesso às máquinas informáticas é tomado como sinônimo de ascensão social ou de participação sociopolítica efetiva, quando, na verdade, a informatização generalidade do cotidiano (notadamente para as camadas de baixa renda, alvo principal dos programas sociais de inclusão digital) não faz senão o contrário: reforça as estruturas de subordinação e poder da cibercultura e capilariza as redes de produção internacionais até o espaço da vida privada."(CAZELOTO, 2008, p. 161).
A intenção com o que foi até agora dito é a de sublinhar a necessidade de criar posturas autônomas e críticas de aprendizado sobre a tecnologia. Boff (2005) explicita essa ideia dizendo que precisamos educar os sujeitos para que sejam críticos, criativos e cuidantes. Ser crítico, para ele, é a capacidade de situar cada evento em seu contexto biográfico, social e histórico, desvelando os interesses e as conexões ocultas entre as coisas. É ser capaz de responder: quais tecnologias servem a quem? Já, continua Boff,
[...]"somos criativos quando vamos além das fórmulas convencionais e inventamos maneiras surpreendentes de expressar a nós mesmos [...]; quando estabelecemos conexões novas, introduzimos diferenças sutis, identificamos potencialidades da realidade e propomos inovações e alternativas consistentes." (BOFF, 2005, p. 09).
Enfim, ser criativo significa ser capaz de recriar-se e de recriar o mundo, ou de inventar as tecnologias que queremos. Por último, e mais importante, é preciso ser cuidantes. Ser cuidante é ser capaz de perceber a natureza dos valores em jogo, de estar atentos ao que verdadeiramente interessa, discernindo que impactos nossas ideias e ações têm sobre as outras pessoas, e sobre o planeta. Sem o cuidado e a ética esvaziamos as capacidades críticas e criativas, pois, não nos esqueçamos que vivemos um tempo em que nossas ações estão em vias de inviabilizar a vida no planeta.

Para refletir: icone_para_refletir.png
Grande parte dos jovens hoje demonstram facilidade para apropriação técnica dos mais diversos dispositivos, certo? Mas será que eles possuem maturidade para um uso crítico e ético?
Talvez, você e seus colegas tenham observado situações em que a apropriação das TIC fomentou comportamentos competitivos e consumistas nos estudantes. Por exemplo, situações de comparação entre marcas e expressão de desejo pela aquisição do “último” modelo.
Levando em conta condutas acríticas e dependentes de apropriação das TIC, sugerimos que você pense então na importância dos profissionais da educação para transformar positivamente esses processos de Inclusão Digital. Você e seus colegas na sua escola já haviam sentido antes a necessidade de fazer essa reflexão? Pode anotar em que situações essa necessidade havia surgido?

No caso do aprendizado sobre a tecnologia, podemos então entender que, além de aprender a usar, é preciso ser capaz de dizer para que usar e para que não usar e, ainda, ser capaz de dizer como deve ser a tecnologia a ser usada. Portanto, defendemos que os educadores e a escola possuem um papel central para esse tipo de formação. Os jovens talvez tenham maior habilidade técnica, mas certamente não possuem a maturidade, experiência e postura crítica dos educadores. Podemos, assim, compreender os enormes benefícios que a atuação colaborativa entre educadores e estudantes potencializa!
Caso contrário, se deixarmos que a cultura técnica se estabeleça a partir dos discursos publicitários predatórios dos meios de comunicação de massa, corremos sérios riscos de que a cultura tecnológica se construa a partir de interesses hegemônicos, capitalistas. Dito de forma simplista, estaríamos fomentando a superioridade do “ter” ao invés do cuidado para com o “ser”.
Neste momento, acreditamos que esteja claro para você por que este curso não foca apenas em questões técnicas. Assim, apesar de sabermos que você provavelmente esteja ansioso(a) para “colocar a mão na massa” em atividades práticas de uso das TIC, contamos com sua compreensão sobre a relevância dos aprofundamentos teóricos e reflexivos que estamos propondo nesta primeira unidade. Teremos MUITAS atividades práticas pela frente, mas antes de mais nada queremos garantir um tom crítico e produtivo para essa apropriação técnica.

Portanto, com base nos estudos até o momento, salientamos que Inclusão Digital é um processo abrangente que integra ações de ampliação do acesso acomputadores, conectados à Internet e de formação para o seu uso competente e autônomo, buscando livre participação, por parte de todos os membros da sociedade.

Esperamos tê-lo(a) instigado para aprofundamentos teóricos e, nesse sentido, deixaremos referências para aprofundar seus estudos sobre Inclusão Digital, compreendendo aspectos sociopolíticos que ampliarão sua compreensão e criticidade.
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Cremos que você já esteja ansioso(a) para iniciar a prática, por hora, vamos apenas concluir tecendo algumas problematizações sobre TIC e currículos e lhe propondo uma atividade para registrar as aprendizagens que teve até o momento.
TIC e currículos
Existiria um conjunto de conceitos fundamentais sobre as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) que precisariam ser dominados por todos os cidadãos? Não temos dúvidas sobre isso nas disciplinas de matemática, de língua portuguesa, de história etc. Mas, quais seriam esses conceitos no caso das TIC? Alguns nos vêm à mente: o que é um computador? Quais as medidas de Informação (bits, gigabytes, …)? Como ocorre a transmissão de dados? O que é digital? O que é hipertexto? Como se estrutura a webfísica e logicamente? Qual é a geopolítica da web? O que é um banco de dados? O que é software e hardware? Qual a ética que embasa o movimento de software livre? Quais os princípios das linguagens de programação?
Tudo o que discutimos até agora são questões que podem orientar sobre como usar as TIC na escola. Elas podem ajudar a definir os currículos (seus conteúdos, objetivos e métodos); a definir a orientação da prática pedagógica; os tipos de softwareeducacional que devemos usar; a formação dos professores; a organização da distribuição e uso dos recursos computacionais etc. Enfim, elas podem ajudar a definir como o nosso dia a dia na escola deverá ser reorganizado.
Mas, finalizando, precisamos considerar que o computador é também uma importante ferramenta pedagógica que pode ajudar a desenvolver o raciocínio das pessoas. Na verdade, acreditamos que a incorporação da tecnologia ao processo educativo cria uma oportunidade ímpar para a estruturação e implantação de novos cenários pedagógicos. Sabemos que o nível de interatividade dessa ferramenta tem potencial para produzir novas e riquíssimas situações de aprendizagem. Pelo seu potencial pedagógico podem também ser espaço da cointegração entre disciplinas. E, por isso tudo, podem contribuir para a valorização dos educadores e para o seu reencantamento pelo ato de educar. Além disso, frente a essa interatividade, as debilidades da educação baseadas na transmissão, no treino e na memória ficam tão evidentes que é difícil não percebê-las.
Piaget já nos falava que a aceitação de erros é fundamental para a construção significativa e verdadeira do conhecimento. Sem errar não se chega ao conhecimento. É preciso experimentar, tentar e tentar de novo. Então, o professor que vai fazer uso de TIC de um modo proveitoso precisa perder o medo de experimentar junto com seus alunos, precisa negar o verticalismo da sua relação com eles buscando mais confiança e companheirismo. Ninguém está aqui anunciando o fim da autoridade do professor, mas sim o abandono do autoritarismo que está intrínseco ao ensino das soluções prontas e acabadas, adotadas sem crítica nem compreensão. Nem estamos advogando que tudo precise ser reinventado, pois há muitas soluções excelentes para muitos problemas. Não estamos também negando a importância do treino e dos exercícios de repetição no aprendizado. Estamos sim negando o seu uso acrítico e alienado. Acreditamos que a aprendizagem significativa e crítica que queremos ver implementadas com as TIC pressupõem o coletivo, a cooperação entre pessoas e disciplinas e o diálogo franco e livre.

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Momento 2: Elaborando o seu texto
Agora que você já terminou a leitura, pense numa (ou nas) escola(s)que você conhece que possui/possuem laboratórios de informática. Elabore, então, um pequeno texto descrevendo como as TIC são utilizadas.
Considere os seguintes aspectos:
  • As TIC fazem parte do diaadia em sala de aula (computadores móveis, celulares) ou o uso se restringe ao laboratório?
  • Quem usa o laboratório? O que os alunos fazem no laboratório? Os alunos gostam de trabalhar com os computadores?
  • Foi ou não criada uma disciplina de informática na escola?
  • Que mudanças a chegada das TIC trouxe para essa escola em geral?
Continue a construção do seu texto analisando o modo como a tecnologia está sendo utilizada nessa(s) escola(s). Procure basear sua análise nas reflexões sobre o conceito de Inclusão Digital, que a leitura do texto lhe proporcionou. Sinta-se livre para incluir o que julgar necessário na sua análise. Sugerimos considerar alguns aspectos:
  • o uso das TIC na escola conhecida está promovendo ou não a capacidade de serem críticos, criativos e “cuidantes” (como diz Leonardo Boff)? Por quê?
  • Esse uso está promovendo ou não uma aprendizagem significativa e crítica? Por quê?
  • Que mudanças você percebeu na escola? Deveriam haver mudanças?
Se você não conhece nenhuma escola que já faça uso das TIC, deve então construir um pequeno texto com alguns parágrafos desenvolvendo alguma ideia ou questionamento que a leitura lhe suscitou. Ou se preferir e houver tempo e oportunidade, você poderia visitar uma escola próxima que possui esses recursos e entrevistar os seus professores e funcionários para coletar as informações necessárias.
Elabore um pequeno texto refletindo sobre modo de inserção das TIC nas escolas, levando em consideração as diferentes dimensões que envolvem o conceito de Inclusão Digital.
Lembre-se do que comentamos sobre a importância da aceitação dos erros e sinta-se tranquilo(a) para realizar o exercício sem cobrança de preciosismos. Afinal, estamos recém-iniciando o curso e, portanto, é natural que você sinta dificuldades para realizar uma análise complexa. Não se preocupe, o exercício tem exatamente esse propósito: de identificar os pontos que você sente fragilidades na compreensão. Identificar essas lacunas é essencial para podermos buscar subsídios para supri-las.

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Momento 3: Discussão presencial com seus colegas e/ou alunos.
Após ter lido, refletido e expressado suas ideias num texto, prepare-se para debater presencialmente com os seus colegas. O seu formador vai lhe orientar sobre como realizar essa discussão.

Atividade 1.2 icone_em_grupo.png icone_reflexao_pegagogica.png icone_aprendizado_tecnologia.png

Conhecendo os vídeos na rede como ferramenta de interação e compartilhamento.
Nesta atividade convidamos você para assistir alguns vídeos que estão disponíveis na Internet.
Há hoje uma grande quantidade de documentos de vídeo na rede, e há um site em especial, chamado Youtube, que permite que as pessoas publiquem suas produções em vídeo para divulgá-las. Há de tudo neste site, muita coisa sem nenhuma importância, mas também muito material de grande valia. Indicamos alguns para o seu formador.
A lista de vídeos foi planejada para lhe dar uma ideia inicial da potencialidade da nova linguagem midiática do vídeo digital, que é diferente do cinema e da televisão, e também do potencial da Internet como ferramenta de interação e compartilhamento. Queremos ao mesmo tempo, com o conteúdo selecionado, levar vocês a refletirem sobre aspectos diversos desta tão controversa relação entre tecnologia, escola e sociedade. Porfim, queremos também alertar que é importante que a escola defina o seu papel nesse processo e que os seus profissionais preparem-se para assumi-lo.
Seu formador irá lhe auxiliar para acessar o site do Youtube e localizar os vídeos.
Talvez sua habilidade de digitação ainda esteja um tanto inicial. Não se preocupe: a destreza surgirá com o tempo, à medida que você for digitando. Por enquanto, focalize apenas em manter sua atenção na tarefa, ok? E, conforme ditado popular, é sempre bom iniciarmos algo “com o pé direito”, certo? Independente de supertições, consideramos importante que desde cedo você se acostume a usar cada recurso da melhor forma possível. Assim, é importante dizer que o teclado pode permitir a realização de muitas funções além da digitação do texto. Há dicas que tornam o uso do teclado mais eficiente, então, sugerimos que você acesse as orientações que preparamos acerca do uso adequado do teclado, sob o título: “Uso eficiente do teclado”.

Atividade 1.3 icone_projeto_integrado.png icone_em_grupo.png icone_a_distancia.png icone_reflexao_pegagogica.png icone_aprendizado_tecnologia.png 

Escolhendo um tema gerador para o seu Projeto Integrado de Aprendizagem.
Chegou a hora de você e seu grupo de estudos escolherem o tema gerador dos seus projetos integrados de aprendizagem. As atividades anteriores certamente provocaram diversas ideias, dúvidas inquietações. Aproveite esse terreno fértil para definir um tema de interesse para o projeto que irão desenvolver.
Após a escolha do tema gerador, vocês podem ter subgrupos trabalhando com projetos com focos mais específicos dentro do tema gerador. Para auxiliá-los na preparação dessa atividade, organizamos esclarecimentos adicionais e dicas.
Você já deve ter ouvido falar em um projeto de aprendizagem (ou na aprendizagem por projetos, ou ainda na pedagogia dos projetos). Trata-se de um método de trabalho pedagógico que foca a busca de soluções para problemas que o aluno escolhe investigar (no perfil de “professor-aluno” você assumirá ambos papéis!). Nesse processo de investigação, os conteúdos da aprendizagem são articulados e integrados ao desenvolvimento do projeto.

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Um projeto de aprendizagem precisa ter uma temática. Isso porque um projeto de aprendizagem é um projeto de investigação. E só podemos investigar algo se sabemos o que investigar. Na verdade, só nos dispomos verdadeiramente a investigar algo, se estamos curiosos, se realmente queremos ou precisamos do conhecimento que vai resultar daquele processo. Por isso esperamos que a leitura e os vídeos que sugerimos tenha lhe empurrado para um turbilhão de reflexões e lhe instigado a querer saber mais. Então, o tema do seu projeto é justamente este campo de conhecimento em quevocê devebuscar a resposta daquilo que você quer saber. O tema não é “o que você quer saber”. O tema é a área que você deve investigar, pra chegar às respostas. Por exemplo, se queremos saber sobre “produção de vídeos nas séries iniciais da educação fundamental”, o tema poderia ser definido como “Mídias e Educação”.
Um tema gerador é um tema que aglutina muitas perguntas pertinentes e interessantes. Barbosa nos sugere que ao fazer a escolha de um tema gerador, o ponto fundamental “diz respeito à motivação. O tema não deve ser assumido pelos alunos como imposição do professor, tampouco pode ser fruto de uma curiosidade circunstancial dos alunos. O tema gerador deve constituir-se em desafio, algo que mereça investimento de tempo e esforço cognitivo.” (2004).
Agora é o momento de escolher o tema foco e fazer a problematização preliminar do projeto. Para poder decidir, pensem em quais foram as dúvidas ou indagações que estiveram mais presentes enquanto vocês assistiam aos vídeos, ou durante a discussão. Essas dúvidas podem e devem estar relacionadas com o que você já ouviu, viveu e experimentou em relação às TIC, profissional ou pessoalmente.
Primeiro deixe suas ideias fluírem livremente. Anote, simplesmente. Em seguida, organize seu texto fazendo um roteiro que contemple: suas perguntas iniciais e a sua problematização; uma justificativa de por que vale a pena tentar responder estas questões, jogando mais luz sobre tais dúvidas; e, se já tiver alguma hipótese de resposta para as questões (o que você já sabe a respeito – certezas provisórias) formuladas podem também incluir no texto.
Lembrete: Faça um registro textual sobre o tema, as perguntas e demais detalhes planejados. Esse registro inicial pode ser simples, inclusive manual, caso você ainda não tenha familiaridade com o uso de um editor de textos. Mas não deixe de registrar sua proposta!

Atividade 1.4: icone_em_grupo.png icone_presencial.png icone_aprendizado_tecnologia.png

Participação em fórum de discussões on-line: publicando e navegando.
A partir de agora você é parte de um grupo, sendo corresponsável pelo desenvolvimento de determinado Projeto Integrado de Aprendizagem. Sabemos que o sucesso de atividades em grupo está relacionado à qualidade do vínculo e da comunicação que se estabelecem entre seus membros. Talvez você já esteja pensando que garantir a interação entre o grupo, no período após o encontro presencial, será um grande desafio. Afinal, cada membro possui inúmeros compromissos em horários distintos e há, ainda, a distância geográfica que limita a realização de encontros presenciais.
Agora que vocês já debateram e escreveram sobre a temática do seu projeto integrado de aprendizagem, o que acham de publicar o texto que produziram para que sejam lidos e conhecidos por todos os colegas? Como você faria isso normalmente? Como vocês fazem com seus alunos quando querem que uns conheçam os trabalhos dos outros? Vocês pediriam que eles escrevessem em papel pardo, ou publicariam as folhas na forma de varais, ou em murais? Será que temos alternativas que ampliem as possibilidades desses procedimentos com os computadores?
Para vislumbrarmos a solução desses desafios, cabe retomarmos o princípio de que usamos as TIC para superar limitações e ampliar nossas possibilidades! Assim, selecionamos uma ferramenta, denominada Fórum, para superar limitações de tempo e espaço e possibilitar o debate e a continuidade da produção do projeto, já iniciada pelo grupo. Essa ferramenta é bastante utilizada na Educação a Distância, modalidade que lida essencialmente com os desafios citados e tem como propósito facilitar a troca de ideias e a realização de debates entre grupos. Posteriormente, na Unidade 6, aprofundaremos as possibilidades didáticas de uso da ferramenta Fórum. Mas, por ora, apenas aprenderemos e experimentaremos o seu uso.
A ferramenta Fórum que iremos utilizar faz parte do Ambiente Virtual e-ProInfo. Um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), ou em inglês Learning Management System (LMS), conforme o próprio nome indica, é uma tecnologia criada para ser um “espaço” que potencializa o diálogo pedagógico. Assim, esses sistemas integram diversos recursos para facilitar todos os aspectos envolvidos na estruturação e desenvolvimento de cursos e atividades educativas. Existem diferentes Ambientes Virtuais usados em cursos a distância.
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Além da ferramenta Fórum que vamos utilizar, o ambiente contém muitos outros recursos, como, por exemplo, a videoconferência, o bate-papo, o e-mail, o quadro de avisos, de notícias, a biblioteca.
Antes de termos acesso ao fórum, chamamos atenção ao fato de que é comum, no início do trabalho em rede, termos uma percepção restrita à nossa atuação no presencial, tentando fazer no virtual exatamente o que fazíamos em sala de aula e, quando não é possível, podemos nos frustrar. Para evitar esse problema, é muito importante que você ouse olhar o novo com curiosidade, criatividade! Esse é nosso convite para a atividade que será proposta.Conecte-se com o “olhar de criança” que há dentro de cada um de nós e divirta-se com as novidades e aprendizagens que virão!
Seu formador vai lhe auxiliar sobre como ter acesso ao fórum “Projeto Integrado de Aprendizagem”, que foi preparado para essa atividade no ambiente e-ProInfo. Chegando lá, você vai postar o texto elaborado na Atividade 3. Mas para poder publicar um texto num fórum ele precisa ser digitado. Então, vamos ao trabalho! O seu formador irá lhe orientar sobre todos os passos, que incluem:
  • como fazer o seu login no ambiente e-ProInfo;
  • como ter acesso ao fórum;
  • e como publicar o texto no fórum digitando-o primeiro.
Após terem publicado suas propostas de temática no fórum, naveguem pra conhecer e ler as propostas dos seus colegas. Notem que vocês podem comentar e fazer sugestões uns para os outros. Desse modo, estarão iniciando uma discussão eletrônica.
Que tal retomar as questões da atividade 1.1 pra debater neste ambiente. Elas já foram debatidas presencialmente. Mas pode valer a pena retomar o debate no ambiente virtual pra poder comparar com o debate presencial.

Para refletir: icone_para_refletir.png
Depois que vocês já tiverem discutido no fórum, que tal refletir um pouco sobre: que diferenças você percebe entre a discussão presencial e a discussão realizada no fórum? Não seria bacana conversar a respeito disso e registrar suas conclusões num cartaz para publicar no corredor da escola?Assim você compartilha com outros colegas a respeito da sua experiência.

Até agora você já experimentou de várias formas o computador. Já navegou na Internet, assistiu a vídeos, digitou textos (usou o mouse e o teclado) e participou de um fórum de discussões virtual. Então, após esse contato bem mais de perto com o computador, vamos tentar entendê-lo melhor!
Será que isto é muito difícil?Você já deve ter se perguntado, como será que esta máquina poderosa funciona? Bom, mais do que saber como ela funciona, queremos é aprender a utilizá-la, e na verdade, é disto que vamos tratar com muito mais ênfase nesse curso. Afinal de contas, usamos várias máquinas sem precisar saber exatamente como elas funcionam. De todo modo, para usá-las bem, precisamos ter uma ideia geral de quais são os seus componentes, para que eles servem, que cuidados devemos tomar na sua operação e manutenção.

Para que possamos entender preliminarmente como funciona o computador, precisamos compreender que o que ele faz é, basicamente, processar informações.
Preparamos a animação “Computador: que máquina é essa?” para iniciar os estudos dessa temática.
Sugerimos ainda que assista aos vídeos da TV Escola, da Série Bits e Bytes que também apresentam esses conceitos básicos:

Estas informações podem ser dados, textos, imagens, sons etc. Tal processamento inclui também a realização de cálculos e a execução de instruções sobre o que fazer com a informação. Vamos dar alguns exemplos. Suponhamos que um confeiteiro que trabalha em casa queira anunciar a venda de seus bolos e sobremesas pela Internet. Então, ele manda fazer uma página onde ele publica fotos e descrição dos bolos, vídeos de eventos dos seus clientes, preços dos produtos, formulário para encomendas etc. Quando alguém preenche este formulário informando quais produtos deseja adquirir, o computador calcula automaticamente o orçamento daquele pedido; isto porque ele já tem todas as informações necessárias: os preços, as quantidades e as instruções de como fazer o cálculo.
No exemplo dado, o último tipo de informação é muito importante, esses conjuntos de instruções que orientam os computadores sobre como proceder para fazer o processamento da informação são chamados de programas. O computador precisa ser orientado sobre como proceder.

Os programas instalados, determinam o que o micro “saberá” fazer. Se você quer ser um engenheiro, primeiro precisará ir à faculdade e aprender a profissão. Com um micro não é tão diferente assim, porém o “aprendizado” não é feito através de uma faculdade, mas sim através da instalação de um programa de engenharia... Se você quer que o seu micro seja capaz de desenhar, basta “ensiná-lo” através da instalação um programa de desenho, como o Corel Draw! e assim por diante.
Para fazer esse processamento, os computadores, sejam quais forem, contam com Unidades Centrais de Processamento, que são informalmente chamadas deprocessadores ou CPU. Os processadores são, vamos dizer, o cérebro dos computadores. Alguns são mais rápidos, os mais modernos em geral. Para entender melhor, se usarmos a cozinha como metáfora, diríamos que a informação seria o alimento e o processador seria o fogão. Mas você precisa mais do que o fogão numa cozinha, é preciso que os ingredientes e utensílios sejam estocados e preparados, que alguém controle o cozimento, que alguém decida o quê e como cozinhar, que a comida pronta seja guardada etc.
O armazenamento da informação (antes e após o processamento) acontece nasunidades de armazenamento. Elas são os nossos depósitos de informação (nossos armários ou geladeira).
A velocidade de trabalho dos processadores é infinitamente maior do que a busca e o retorno das informações às unidades de armazenamento. Isso porque o processador funciona eletronicamente; ele só entra em ação quando conectamos o computador à rede elétrica. Já as unidades de disco são operadas mecânica e magneticamente e isso é bem mais lento. Imagine uma cozinha com um superfogão, mas com uma despensa pouco prática, de modo que o cozinheiro tenha que esperar muito para que os ingredientes cheguem até ele. Pra resolver esse problema existe a memória principal. Essa memória são como as bancadas de trabalho da nossa cozinha. Nela a informação fica prontamente à disposição do processador. O acesso a ela é bem mais rápido do que o acesso àsunidades de armazenamento; isso é porque ela também opera eletronicamente. Então, quando dizemos que temos um computador com pouca memória, temos um problema, pois nosso computador terá dificuldades para executar alguns programas. A memória é bem diferente das unidades de armazenamento também num outro aspecto. Apesar de se chamar memória,a informação só fica ali armazenada por pouco tempo, como se fosse uma memória de curto tempo. Ao ser desligado o computador, toda a informação ali contida é perdida. Por isso, antes de desligar a máquina precisamos sempre gravar (salvar) o que já produzimos numa unidade de armazenamento permanente (disco rígido ou CD).

Com o que já foi dito podemos então afirmar que a configuração geral de qualquer computador é formada por cinco componentes básicos: o processador, a memória, as unidades de armazenamento, os programas, e, por fim, os dispositivos de entrada e saída.

Na categoria de dispositivos de entrada e saída de dados, situa-se tudo que usamos para entrar ou para visualizar as informações no computador. Aí temos como mais usados, o teclado, o mouse e o monitor de vídeo. Sem esses, em geral, não conseguimos fazer nada com o computador. Há outros ainda: as impressoras, os microfones, as câmaras fotográficas e filmadoras, os scanners, as mesas digitalizadoras etc. Os dispositivos citados são também conhecidos como periféricos, uma vez que eles são externos e, em geral, fazem a comunicação entre as pessoas e a máquina. Mas existe também outra categoria de dispositivos de entrada e saída que estão mais internos e preparam os dados para o processador, são as placas de vídeo, som etc.
Para refletir: icone_para_refletir.png
Está curioso sobre mais algum aspecto dos computadores e a pergunta está aí dando voltas na sua cabeça? Não perca a chance de aprender mais, fale com o seu formador e pergunte. E também preparamos um exercício para você...


Atividade 1.5 icone_em_grupo.png icone_presencial.png icone_aprendizado_tecnologia.png

Conhecendo as funcionalidades e particularidades de um computador.
Os conhecimentos adquiridos acerca dos principais dispositivos de um computador são muito úteis no momento de escolher um equipamento. Que tal exercitar essa habilidade?
Esta atividade será realizada em três momentos:
  1. Momento 1: estabelecer suas necessidades e prioridades de uso;
  2. Momento 2: definir o tipo de equipamento mais adequado;
  3. Momento 3: acessar uma loja on-line e escolher um equipamento, analisando as configurações disponíveis com base no tipo de equipamento que você busca.
Momento 1:
Atualmente existe uma grande diversidade de tipos de equipamentos disponíveis para a aquisição. As opções se diversificam com muita rapidez. Portanto, para você não ficar perdido(a) frente a tantas opções, é recomendável ter clareza de suas necessidades pessoais e profissionais. Assim, a partir dessas necessidades você poderá avaliar benefícios e limitações de cada tipo de equipamento.
Abaixo, listamos algumas questões que podem lhe ajudar nessa etapa inicial:
  • quais atividades que você pretende realizar com esse equipamento? Liste ações (Ex.: Navegar na Internet, verificar e-mails…). Analise sua lista, verificando necessidades gerais;
  • com a ajuda do seu facilitador, analise se são ações que demandam grande poder de processamento. Obs.: Normalmente atividades de programação e uso de programas gráficos mais sofisticados demandarão maior capacidade de processamento ememória;
  • você pretende baixar vídeos, fotos, áudios? Lembre-se de que arquivos audiovisuais ocupam bastante espaço de armazenamento em disco!
  •  você pretende utilizar CDs ou DVDs?
  • você pretende utilizar o equipamento para digitar textos longos? Consegue se adaptar para uso de um teclado pequeno? Já utilizou um teclado virtual, que aparece em telas sensíveis ao toque?
  • você se sente confortável lendo diretamente na tela do computador? Sente dificuldades para ler em telas pequenas?
  • com base em suas intenções de uso, reflita sobre qual aspecto é mais relevante para você: mobilidade ou robustez (maior capacidade de processamento, memória, espaço de disco)?
Momento 2:
Com sua lista de prioridades será mais fácil definir o tipo de equipamento mais adequado para suas demandas. Sugerimos que nesta segunda etapa você faça algumas pesquisas para conhecer um pouco mais as opções disponíveis na atualidade.
Abaixo, descreveremos alguns tipos de dispositivos, bastante utilizados na atualidade. Contudo, sabemos que na área de informática as opções se alteram de forma muito dinâmica. Portanto, junto com seu facilitador, mantenham a criticidade para alterar esta lista, ok?

COMPUTADOR DE MESA (EM INGLÊS DESKTOP)


Breve descrição: 
- Computador denominado “de mesa” ou “desktop” pois costuma ser colocado em uma mesa de trabalho.
- Normalmente o hardware principal envolve: gabinete, teclado, mouse e monitor (em muitos casos vendido separadamente).
Benefícios:
- Bom custo-benefício para máquinas robustas. Ou seja, com maior velocidade de processamento, capacidade de memória e armazenamento.
- Dispõem de drives de CD/DVD e diversidade de entradas para conectar outros equipamentos.
- Manutenção mais simples e amplamente difundida.
- Facilidade para troca de peças do hardware com vistas à aprimoramentos (upgrade).
Limitações:
- Não facilita mobilidade por ser grande e de difícil transporte, se comparado às demais opções.

NOTEBOOK OU LAPTOP


Breve descrição:
Computador projetado para ter mobilidade. Nesse sentido, suas denominações notebook (caderno) ou laptop (algo que fica no colo) indicam objetivos de uso para estudo em qualquer local.
Benefícios:
- Também possuem configurações bastante robustas, de forma semelhante aos computadores desktop.
- Dispõem de drives de CD/DVD e diversidade de entradas para conectar outros equipamentos.
Limitações:
- Possuem um custo mais elevado do que computadores desktop.
- Da mesma forma a manutenção também é mais especializada.
- Ainda que portáveis, são razoavelmente pesados e grandes, em comparação com netbooks e tablets.

NETBOOK


Breve descrição:
São computadores simplificados (a partir dos notebooks) com principal foco de desenho o uso da Internet.
Benefícios:
- Leves e compactos são um aprimoramento dos notebooks em termos de mobilidade.
- Podem ter configurações razoáveis de processamento, memória e armazenamento, para uso de aplicativos básicos de trabalho.
- São economicamente mais acessíveis que os notebooks.
Limitações:
- Não possuem drive de CD/DVD. Obs.: O usuário pode adquirir um Drive externo para essa função e conectá-lo via entrada USB. Mas aumenta custo e reduz mobilidade.
- Para o uso com aplicações de trabalho que usem muito processamento e recursos gráficos podem travar ou trabalhar com desempenho muito baixo.

TABLET


Breve descrição:
- São a opção de computador mais compacto, dentre as citadas. Seu desenho e funcionalidades são ainda mais simplificadas que os netbook e se aproxima mais de uma “prancheta”.
Benefícios:
- São muito leves e fáceis de carregar.
- A bateria costuma durar bem mais tempo do que às dos notebooks e netbooks.
- A interação é feita com o dedo, tocando a tela (touchscreen). Fato que agiliza o uso de determinados tipos de aplicação. São ótimos para anotações, desenhos, rascunhos, por exemplo.
- Também são ágeis para usos gerais da Internet (navegação, e-mail, redes sociais etc).
- São uma ótima opção para leitura de livros em formato digital.
Limitações:
- Possui configurações bastante simplificadas em termos de processamento, memória e armazenamento. Em geral, para usos de trabalho, precisa ser usados de forma integrada com outros equipamentos. Por exemplo o usuário trabalha em um computador desktop e usa o tablet apenas para reuniões, viagens, aulas etc. Assim, o tablet proporciona a mobilidade e facilidade de registros e acesso a informações básicas, que posteriormente são transferidas para o computador desktop.

Que tal anotar benefícios e limitações de cada uma dessas TIC, a partir da sua realidade e das atividades que você pretende realizar com o equipamento?
Momento 3:
Agora você já está pronto(a) para a etapa final da atividade.
Nossa proposta é que você analise opções de marcas e configurações relativas ao tipo de equipamento que você selecionou. Para isso, você pode buscar anúncios em jornais, revistas e lojas on-line. Seu facilitador poderá lhe apoiar nesta tarefa.
Ao analisar os anúncios você não precisa compreender todas as características de cada item, pois as tecnologias integradas em cada componente são complexas e sua análise em detalhes demanda um conhecimento técnico avançado. Portanto, aplique uma análise geral com base nos pontos básicos mais importantes que estudamos. Caso queira aprofundar detalhes, sugerimos conversar com profissionais de informática, que poderão lhe orientar acerca de equipamentos disponíveis no mercado na atualidade.

Linux! Que sistema operacional é esse? Sistema Operacional?
Antes de encerrar esta unidade precisamos conversar sobre uma questão bem importante.

Para refletir: icone_para_refletir.png
Você notou alguma diferença entre os computadores usados para a realização deste curso e os que comumente vemos em outros lugares? Já conversou sobre isto com seus colegas?

Os computadores empregados durante este curso e presentes na maioria das Escolas Públicas do país foram disponibilizados pelo ProInfo Integrado. Esses computadores estão usando (também se diz rodando ou executando) o sistema operacional Linux. Já os computadores que vemos na maioria dos domicílios usam outro sistema operacional, o sistema Windows.

O sistema operacional é um programa (software) que entra em funcionamento assim que o computador é ligado.
"Ele gerencia todo o funcionamento do computador, inclusive a entrada e saída de dados...ele também oferece uma interface para interação das pessoas com o computador." (SALES et al., 2007, p.23).
É o principal programa do computador; ele define a estrutura básica sobre a qual vamos desenvolver todas as nossas atividades e sobre a qual todos os outros programas (editores de texto, navegadores de Internet) vão ser executados.


Para refletir: icone_para_refletir.png
Você sabe quais são os sistemas operacionais mais conhecidos e utilizados?
Será que há diferenças no tipo de sistema operacional de um notebook, de um tablet e de um telefone celular com funções avançadas (os tais smartphones), por exemplo?
Por que são usados sistemas operacionais diferentes? Isso não dificulta para os usuários?

Em uma análise superficial, poderíamos considerar melhor usar apenas o sistema Windows, que é um dos mais conhecidos. Afinal, quando produzimos nossos trabalhos num sistema operacional, temos algumas dificuldades em transportá-los para computadores ou dispositivos com outro sistema. Os programas que rodam num e noutros podem apresentar incompatibilidades. Então, por exemplo, se você produziu um texto digital com um editor que roda sobre o Linux, vai precisar fazer algumas adaptações para poder transportá-lo para um dispositivo (computador ou tablet) que trabalhe com outro sistema (como o Windows, por exemplo).
Então, se você está se perguntando por que usar nos computadores das escolas um sistema diferente da maioria dos outros computadores domésticos ou mesmo das empresas, a sua pergunta é procedente. Na verdade, a disseminação do uso de sistemas diferentes com as suas incompatibilidades traz problemas para nós, os usuários dos computadores. Mas precisamos analisar melhor essa questão.
Para que a compreendamos temos que analisar a questão do software proprietário e do software livre. No primeiro caso, temos as empresas de desenvolvimento de softwareque, em geral, cobram pelo produto que desenvolvem e distribuem. Em se tratando de produtos software há polêmica sobre os preços cobrados. As grandes fortunas que rapidamente se formam com a venda destes produtos demonstram, por um lado, o impacto que elestêm na economia mundial e na vida de todos nós e, por outro, o caos do processo regulatório da composição e definição desses preços. Em contraste, a facilidade com que esses produtos podem ser duplicados, (é muito fácil conseguir uma cópia de um programa de computador, basta fazer uma cópia de um CD) combinada com o nível proibitivo dos seus preços para a maioria da nossa população, gerou um mercado ilegal, o da pirataria de software.
E para manter o caráter de propriedade e garantir o lucro, as empresas mantêm sigilo sobre a forma como os programas foram desenvolvidos.
Talvez você não perceba nada de estranho nisso, pois estamos imersos em um sistema capitalista que exclui uma grande parcela da humanidade do acesso a bens importantes para seu bem viver. Todavia, cabe nos questionarmos sobre essa naturalização da escassez para fins de lucro.

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Empresas de software impedem a disseminação de saberes e a democratização da autoria de software para garantir seus lucros. Em outras palavras, promovem situações de escassez, para agregar maior valor ao produto. Será que é esse tipo de cultura que queremos fomentar? Ou podemos fazer uma opção pela cooperação e abundância?
Será que essa postura de competição sempre foi natural entre os desenvolvedores? Ou há também outras possibilidades de criar e distribuirsoftware?

E o que significa “software livre”? Por que esse movimento é tão importante? Essa é uma longa história, que devido a sua relevância ética e filosófica consideramos importante que você conheça. Portanto, vamos apresentar resumidamente os fundamentos desse movimento.
Richard Stallman, criador da Fundação software Livre, conta que quando ele começou a trabalhar na computação, na área de Inteligência Artificial, no Laboratório do MIT, em 1971, ele se tornou parte de uma comunidade de programadores que compartilhavam livremente software. Ele salienta que esse comportamento era natural naquela época.
Nós não chamávamos nosso software “software livre”, porque esse termo ainda nem existia; mas isto era o que ele era. Sempre que pessoas de outras universidades ou companhias queriam usar o nosso software, nós ficávamos felizes em deixar que usassem. Se você visse alguém usando algum programa interessante e diferente, você podia sempre pedir para ver o código-fonte, assim você conseguia lê-lo, mudá-lo e canibalizar algumas partes para fazer um novo programa.(http://www.gnu.org/gnu/thegnuproject.html, tradução nossa).
Porém, a situação mudou drasticamente no início dos anos 80, com o uso de novos computadores, com sistemas operacionais proprietários. Segundo ele, para obter uma cópia era necessário assinar um contrato de sigilo, rompendo, assim, com as condutas e cooperação entre programadores.
Isso significava que o primeiro passo para usar um computador era prometer não ajudar o próximo. Comunidades colaborativas eram então proibidas. A regra feita pelos donos do software proprietário era: “Se você compartilhar com seu vizinho, você está pirateando. Se você quiser qualquer mudança, implore-nos para fazê-las”. (http://www.gnu.org/gnu/thegnuproject.html, tradução nossa).
Insatisfeito com a situação, Richard Stallman pediu demissão e passou a trabalhar no desenvolvimento de um sistema operacional livre, vislumbrando esta estratégia como uma alternativa para reestabelecer as liberdades perdidas e favorecer novamente a comunidade colaborativa que estava em risco.
A resposta é clara: primeiro foi necessário foi um sistema operacional. Este é umsoftware crucial para inicializar um computador. Com um sistema operacional, você pode fazer muitas coisas; sem ele, você não pode rodar nada no computador. Com um sistema operacional livre, nós poderíamos novamente ter uma comunidade de hackers cooperativos – e convidar qualquer um para se juntar a nós. E todos estariam aptos a usar um computador sem começar por conspirar para privar seus (ou suas) amigos(as).(http://www.gnu.org/gnu/thegnuproject.html, tradução nossa).
Este foi o surgimento do projeto do sistema operacional GNU. Para dar suporte a esta iniciativa ele criou em 1985 a Fundação de software Livre (FSF), uma organização não governamental, sem fins lucrativos, para dar suporte ao movimento de promoção à liberdade universal de criação, distribuição e modificação de software.
Conforme comentado anteriormente, o Linux surgiu no bojo desse movimento desoftware livre. Esse sistema operacional, em sua origem, foi também conhecido como GNU/LINUX porque integra elementos de ambos projetos.

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Você já conhecia esses ideais colaborativos do movimento de software livre? E sobre a cultura hacker, o que você sabe a respeito?
Talvez você já tenha ouvido ou lido notícias apontando hackers como criminosos que invadem sistemas. Entretanto, conforme alerta Richard Stallman, essa definição não corresponde adequadamente ao termo.
O uso de “hacker” como sinônimo de “invasor” é uma confusão iniciada pela mídia de massa. Nós, os “hackers”, recusamo-nos a reconhecer este significado, e continuamos usando a palavra para designar alguém que ama programar, alguém que adora brincadeiras inteligentes ou ambas as coisas. (http://www.gnu.org/gnu/thegnuproject.html, tradução nossa).
A cultura hacker é essencialmente um contraponto à cultura hegemônica de competição e de bloqueio ao livre acesso de recursos essenciais, como informação.

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Pautados na ética hacker, o movimento de software livre defende que os códigos-fonte (base de um software) sejam abertos, ou seja, de livre acesso a todos.
A democratização do acesso aos códigos para a criação do software fomenta outra forma de trabalho na produção de software, um método mais horizontal, colaborativo e baseado nas relações de confiança interpessoal. Cabe destacar que um softwarelivre não é necessariamente gratuito. Assim, também a distribuição de renda proveniente deste trabalho é democratizada.
Cazeloto (2007) sintetiza características e benefícios gerais desse movimento.
“O software “livre” deve ser compreendido como uma alternativa aos chamados programas proprietários, sobre os quais incidem leis de direitos autorais que impedem sua distribuição ou modificação sem a autorização dos desenvolvedores que o criaram.
Resumindo brevemente as “vantagens” apontadas em diversos níveis para a adoção dosoftware livre, podemos citar:
  • custos menos elevados, tendo em vista o nãopagamento de royalties a empresas monopolistas internacionais;
  • desenvolvimento de expertise local, uma vez que os programas, produzidos de globalmente de maneira colaborativa, podem ser localmente adaptados às necessidades dos usuários;
  • maior velocidade de aperfeiçoamento, já que programadores e especialistas do mundo todo participam da confecção e da depuração dos programas, em uma escala que jamais poderia ser atingida por uma empresa individual;
  • transparência: a abertura do código-fonte permite que qualquer pessoa, com o conhecimento técnico necessário, possa compreender e modificar as ações realizadas pelos programas;
  • menor dependência do hardware, uma vez que, livre de funções e interfaces que o usuário possa considerar inúteis, os programas ocupam menos memória e exigem menos capacidade de processamento, possibilitando uma vida útil maior aohardware.
É importante lembrar, no entanto, que o software livre não é, em muitos casos, gratuito. Embora seja desenvolvido em grande parte pelo trabalho voluntário de alguns milhares de programadores dispersos pelo mundo, nada impede que o resultado obtido tenha uma apropriação privada, uma vez que a única restrição comumente utilizada é a de que um aplicativo produzido com uma base de software livre permaneça com o código aberto.” (CAZELOTO, 2007, p. 156).
O atual Governo Federal reconhece também a importância de direcionar esforços para a difusão do uso desse tipo de programa de computador. Esses esforços incluem desde o apoio para o desenvolvimento destes softwares até a formação profissional para o seu uso.O desenvolvimento do Linux Educacionale o seu uso neste curso e em outros Programas do MEC fazem parte desses esforços.

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Concluindo
Nesta unidade, reconhecemos a grande importância das TIC em nossas vidas e começamos a compreender a necessidade de cada vez mais refletirmos e buscarmos alternativas para a inserção das TIC na nossa prática político-pedagógica. Você teve seu primeiro contato com o computador e fez diversas atividades (navegou na Internet, assistiu a vídeos, respondeu a questionários, participou de jogos e discussões virtuais) que lhe ajudaram a formar uma ideia do que é possível fazer com ele. Para isso, familiarizou-se com o mouse e o teclado, utilizou os recursos básicos da digitação de um texto. Nas próximas unidades você irá conhecer mais e melhor todos esses recursos
Você deu a largada para o mundo da informática! Como se sente agora? Ainda que possa não ter plena destreza em muitas operações, você certamente avançou! Você está compreendendo e assumindo o desafio da inclusão digital e social. É hora de continuar sua caminhada.
Na Unidade 2 você navegará na rede mundial de computadores e pesquisará sobre temas do seu interesse.

É tempo de memorial 
Ao final de cada Unidade deste Curso, você será convidado a registrar de modo sintético as impressões, dificuldades, avanços e desafios enfrentados nesta etapa da sua travessia neste processo de apropriação das TIC. Uma boa maneira de proceder é recuperar os objetivos da unidade e fazer assim sua autoavaliação confrontando as expectativas de aprendizagem com a sua percepção sobre o que aprendeu. Não esqueça: o seu formador, além de parceiro, é seu companheiro nesta caminhada. Converse com ele sobre a escrita do Memorial e discuta com os seus colegas estratégias para elaboração desta atividade. Desta forma, ao final do Curso, você irá dispor de um importante documento de estudo, pesquisa e reflexão.
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CAZELOTO, Edilson. Monocultura informática, permacultura e a construção de uma sociabilidade contra-hegemônica. In: Matrizes (USP-ECA) Ano 3 – nº 2 jan./jul. 2010 (187:200). Disponível em:http://www.matrizes.usp.br/index.php/
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